sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

05 de março de 2013

Hoje li um texto que considerei péssimo em todos os aspectos. Indelicado e sem bom senso. Como ele foi democratizado na mídia, automaticamente se sujeita a ser comentado. Minha indignação está expressa em um texto que fiz sobre todo o conteúdo que li no texto do link. Segue o que penso... Lembro do meu amigo Robert Lima que diante de uma tragédia que aconteceu na minha família chegou o quanto antes na minha casa e ficou do meu lado por quase 24 horas. Seguia-me aonde eu fosse, calado, apenas presente. Nunca precisou dizer nada e a ele tenho uma gratidão gigantesca. Na vida é melhor se calar do que ser inconveniente com as palavras. Diante de uma tragédia essa regra é ainda mais imprescindível. Nem todo mundo pensa assim, digo isso porque a imperícia literária e a falta de bom senso no conteúdo de um texto que se refere a uma tragédia recente me soaram absurdas. Não pude me calar. Me indignei. Se o dono desse texto não se preocupou em ser ou não inconveniente nesse momento delicado, acredito que isso me dá total abertura para expressar toda a minha indignação literária e humana frente a essa garfe. Sem demonstrar nenhuma preocupação em abordar a questão por vias de ciências como a psicologia, a sociologia, a pedagogia, a antropologia entre ou outras, que poderiam dar substancia a sua opinião, o autor do texto segue sua linha de pensamento que o revela além de despreparado intelectualmente para discutir tal assunto, uma impiedade absurda ao tratar a questão em todo o texto. O texto é um paradoxo, dada a religião do cidadão em questão. Os evangélicos possuem seus próprios clichês, entre eles, um dos mais comuns é tratar alguém de fora da sua religião como ímpio. Enquanto eles se autodenominam justos. No entanto, a palavra ímpio é o adjetivo dado a alguém que procede de forma impiedosa. Foi assim que vi o texto, sem traços de misericórdia. O texto tornou-se publico ao ser postado no blog http://www.franciscoevangelista.com/ no dia 05 e março de 2013. Democratizar um conteúdo traz implicações, entre elas; a sujeição a criticas por parte dos seus leitores, é nessa condição que emito tranquilamente a minha opinião. A infelicidade começa no titulo onde a educação da sutileza é dispensada e a forma grotesca de nomear a situação só pode ser o prenuncio de um texto desastroso. O texto fala mais de quem o escreveu do que a quem ele se refere de fato. A soberba e a boçalidade de quem está de fora da situação e reprova todo o contexto; atitudes, escolhas, implicações e consequências, só pode ter como base uma espécie de justiça própria e auto justificação apenas explicáveis pela falsa segurança que tem um religioso que se acha capaz de enxergar a tudo menos a si mesmo. Penso se a pessoa que escreveu esse texto lembra-se de como é difícil ser adolescente. Ser adolescente no passado me parecia mais fácil. No mundo de hoje, tão repressivo, competitivo e impiedoso, crescer virou exercício de sobrevivência. Talvez muitos não aguentem esse tipo de pressão social citada no texto, de ter que ser o exemplo, de ter que dar respostas certas sem nem saber ainda quem é. Sociedade burra que apenas cobra, cobra tanto que as vezes nem a própria família consegue proteger os seus contra um mundo assim. Alias, em meados de 2004 o governo da Escócia divulgou uma pesquisa que dizia o obvio; o grupo que corre maior risco de suicídio é o grupo de adolescentes. Mas os dados são mais profundos. “Entre tais suicidas juvenis se descobriu que a maioria é gay, e que dentre tais gays os cristãos respondem por 90% dos riscos de cometimento de suicídio. Ou seja: um adolescente cristão e gay, tem 90% mais chance de cometer suicídio que um não-cristão, heterossexual ou não, de qualquer outra religião. O que isto quer dizer? Que a religião cristã não oferece Graça à alma que esteja fora dos padrões da moral cristã?” O suicídio é um problema social, quem faz parte da sociedade tem que discutir o que temos feito para diminuir as estatísticas e não julgar os casos segundo auto justificação barata. O desabafo que ela fez no seu facebook, também é o meu. Cansei, cansei de gente julgando-se boa demais pra inferiorizar os outros enquanto deveríamos nos amar como a nós mesmos. Cansei de ver o mundo cultivar uma liberdade sem compromisso e sem responsabilidades ao mesmo tempo que cansei de viver em uma igreja que perde mais tempo em condenar do que em amar. Cansei de viver ouvindo pessoas que pensam saber de tudo enquanto se afundam na areia movediça de suas próprias convicções. Todo dia eu me canso do mundo. Mas não sou mais adolescente. A querida Thayane se cansou cedo demais. Desistir foi a solução que ela encontrou. Não penso que deveria ser assim, mas não sei o tamanho da dor dela. E o que sei, é que agora ela não sente mais essa agonia. Sou pedagogo, estudo a educação. O que aprendi com Thayane não tem nada a ver com o texto. Aprendi com ela que a gente tem que perder mais tempo com as pessoas, que temos que levar todo mundo mais a sério e que temos que “amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar... na verdade não há.” O ato dela foi insano? Não!!! A sociedade que é insana, a religião que é insana, VOCÊ que é insano, porque insano é não respeitar a dor e o desespero do outro. Insano é delegar a uma criança a condição de exemplo a não ser seguido. Insano é não ter o mínimo de delicadeza postando um texto tão desumano. Insano é não entender que Jesus Cristo era misericordioso e nunca tratou as tragédias humanas com impiedade, até quando o mataram ele não usou os seus assassinos como exemplo a não ser seguido, ele pediu ao Pai que os perdoassem. E é parafraseando com esse clamor que finalizo, implorando a Deus: “Pai, perdoa-o, ele não sabe o que escreve...”

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